não, não tem problema, pode tirar o sapato.

(senta aí. tem coca na geladeira e cuca de quechimia no forno)

sexta-feira, 8 de abril de 2011

mundo cão
poucas coisas me deixam realmente abatidos que não sejam as minhas próprias mesquinharias, mas isso me revoltou o estômago como poucas coisas conseguiram. foi uma brutalidade como muitas outras que acontecem todos os dias, mas nunca me tocou tanto a prepotência misturada à arrogância como neste caso. ouvi muita gente dizendo "é louco! é psicopata!". sei lá, não sou psicólogo nem psiquiatra, mas se é para dizer é isso ou aquilo, diria que é o retrato falado da ignorância. e não aquela que é santa, mas outra que é o móvel da vileza que existe entre nós. é a ignorância que faz alguém que se tem na mais alta conta da civilidade dizer que aquele imbecil que atirou nas crianças o fez porque era "muçulmano", posto que foi dito na imprensa que o homem era um tipo de fundamentalista (só que cristão).
de verdade (de verdade mesmo, não é firula), tô cansado de gente que abre a boca só por abrir, de gente que fala o que não sabe, de gente que é arrogante para não ser engolido pelo mundo, daqueles que esqueceram o que significa a modéstia e a humildade, daqueles que sentem e não falam e vão levando o outro em banho maria, de todos aqueles que fazem parte desse embuste descomunal que é a sociedade contemporânea. é tão prosaico enganar um ao outro que alguns não conseguem mais identificar a farsa e o resultado é esse que tivemos e outros, como pais jogando os filhos da janela e filhos matando os pais por heranças.
ao contrário do que pensei um dia, o oposto da ignorância não é a sabedoria, que glorifica, e sim a honestidade, que dimensiona
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7 comentários:

Anônimo disse...

É fácil entender o que tu sente. É justo também. Mas o mundo sempre foi assim, somos os mesmos.

Muchacho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Muchacho disse...

e a compreensão disso é um bom início para a mudança. sei que isso soa como um imenso clichê, mas, ao mesmo tempo, dizer que o mundo sempre foi assim me exime de qualquer responsabilidade. pode não parecer, mas escrevi esse texto pensando em mim. não acredito em mudanças definitivas que abarquem a todos, mas naquelas pequenas que acontecem à noite no travesseiro de cada um. assim como você, também acho fácil compreender que uma questão desse tamanho nos intimide a sair de uma "zona de conforto", mas diferente de você, não acho justo.

Muchacho disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Definitivamente não exime de responsabilidades. Concordo com as tuas outras colocações. O justo em questão é que mesmo acreditando que o escândalo em relação ao acontecido seja improdutivo também é direito dos que tem sensibilidade para promover as pequenas mudanças.

Muchacho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Muchacho disse...

mas o escândalo não é em relação ao acontecido (quer dizer, não tem como ficar impassível diante da situação, mas o cerne da questão não está aí)! o escândalo é a desintegração do indivíduo que vem acontecendo cada vez mais rápido. cada vez mais se justifica o mundo pelos outros, se é falho porque os outros também são e os problemas que são de todos acabam não sendo de ninguém. acho triste ver que várias conquistas relativas aos direitos individuais, obtidas com muito esforço por pessoas anteriores à minha geração, venham se esfarelando de maneira tão sorrateira. então, o que aconteceu, embora horrível, é só um lembrete do quão importante é a revisão diária daquilo que se pensa e que se faz. e caso tenha servido para reforçar aquilo que a dureza do cotidiano vai apagando, talvez o escândalo não tenha sido improdutivo. (embora aparentemente haja alguma divergência aqui, queria saber quem você é. assumir a autoria daquilo que se pensa também uma forma de se opor a tudo isso que incomoda mas não "bate na conta de ninguém". até porque se eu estiver sendo injusto, preciso saber para quem devo me desculpar. abraço).