e eu realmente acreditava que gravidez era a pior coisa do mundo...

corretora, com mil celulares pendurados pelo corpo: temos neste prédio um excelente apartamento decorado e a cobertura. queres dar uma olhada?

euzinha, desconfiada, mas com um tiquinho de esperança: no decorado, então. porque realmente cobertura não é pro meu bolso e o decorado é de dois quartos. bem o que preciso...

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um sofá imenso de couro todo rasgado e uma mesa de centro com as pernas quebradas e um palmo de pó me esperavam na sala e aí, sabecumé, a primeira fotografia mental a gente nunca esquece.

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corretora, com mil celulares pendurados pelo corpo: a proprietária faz questão de deixar estes móveis aqui para que os clientes possam entender a melhor ocupação de cada cômodo e o quão grande é cada peça...

eu, acreditando piamente que aquela situação (e aquele apartamento) só podiam ser parte da pegadinha do malandro ou do silvio santos: ah, entendi.

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eram muitas peças e em todas havia muita sujeira, cortinas coloridas de cetim velhas e alguma coisa surreal jogada. um atari pisoteado e um colchão xixi no suposto quarto de criança. uma cama de mola e uma cadeira só com três pernas no quarto do casal e tchãtchãtchã...um compact (uou) todo oxidado e com as portas arrebentadas na cozinha.

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eu, começando a ficar realmente com medo da arapuca: mas moça?

corretora, com as mãos na cabeça e aquela cara de quem está confessando um crime ao tribunal: tá, tá, tá. eu admito. isso aqui é um depósito de coisas que as pessoas jogam fora na rua. é que a proprietária quer que seja assim. não tenho o que fazer, entende? é uma situação bastante complicada porque acaba desvalorizando ( um pouco) o imóvel, mas ela faz questão de que eu deixe tudo exatamente desta maneira. ela já me disse que é assim que o imóvel deverá ser mostrado...sempre.

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fumei não sei quantos cigarros e demorei, no duro, mais de uma hora pra assimilar aquela doidera toda.