vai ser bem assim.

Silvia: Raul? Mas... Não é possível! Eu não tive um surto... eu vi ele morto! Eu vi! Eu não estava louca, eu chorei, eu me desesperei! Você estava morto!

Raul: Silvia, eu não tenho nenhuma justificativa para o que eu fiz. Nenhuma!

Sílvia: Nem tente justificar! Eu só quero saber como você fez isso! A única coisa que eu preciso agora é ter certeza da minha sanidade! Você estava morto!

Raul: Foi uma simulação!

Sílvia: Simulação?

Ramiro: Confessa Raul, confessa tudo!

Sílvia: Então, aquela conversa estranha... você passou aquele dia falando que tinha um pressentimento.... Era isso? Você estava me preparando... Agora eu posso entender...! Eu comovida com você, preocupada com você, querendo mandar você pro analista! E você ali, frio, manipulando! Tudo era calculado... A Yvone tem alguma coisa a ver com isso!

Raul: Foi ela! Ela foi a cabeça de tudo!

Sílvia: Então, era ela! A amante que ela me ajudava a identificar... Era ela!

Raul abaixa a cabeça. Sílvia avança pra ele. Dá um tapa.

Sílvia: Canalha! Você é um canalha, Raul! Se não queria mais o nosso casamento porque não pediu o
divorcio? Eu queria o divórcio e você não aceitava! Se precisava de uma amante porque não foi buscar
mais longe? Tinha de ser uma amiga minha? Tinha de ser dentro da minha casa? Pra quê? Pra me humilhar?

Raul: Sílvia, eu estava confuso demais

Sílvia: Confusa estava eu!

Raul: Não era você, o problema nunca foi você, foi a minha vida inteira! Eu sempre carreguei essa sensação de fracasso... de não ter conseguido corresponder ao que os outros esperavam de mim

Sílvia: Fosse ao psiquiatra! Resolvesse isso no divã de um psiquiatra, não dilacerando a minha vida! Eu não tenho culpa se você é um fraco

Raul: Eu não disse que você tinha culpa

Sílvia: Foi a minha vida que você estraçalhou! A vida da sua filha! E não faça essa cara de coitado! Eu não sei o que lhe aconteceu, mas seja o que for, foi bem merecido! Não tenho a menor pena de você!

Raul: Sílvia

Sílvia: Julinha está aqui, atrás das grades! E foi você que fez isso! Foi você que jogou nossa filha numa cadeia! Que envolveu nossa filha com a bandidagem! Foi você!

Raul: Eu me culpo por isso! E me culpo por isso!

Sílvia: Se culpa porque está aqui! Porque foi pego! Se não tivesse sido pego não estaria nem um pouco preocupado. Você é um egoísta, Raul! Egoísta e cínico!

Raul: O que eu fiz é indefensável, Sílvia! Mas eu estou arrependido! Isso eu quero que você saiba: estou arrependido! Se eu pudesse voltar atrás nada disso teria acontecido!

Sílvia: Eu quero ouvir tudo! Todos os podres... Tudo! Todas as vezes que eu fui enganada... traída... feita de idiota dentro da minha própria casa! Porque a gente não espera que os outros sejam capazes de coisas que a gente não é capaz de fazer! eu achava que conhecia tanto você... vinte anos de convivência.

Raul: Sílvia

Sílvia: Podia duvidar de tudo, menos da sua sinceridade, do seu afeto por nós...! Vinte anos do lado de um estranho!

Raul: Não quero me eximir de culpa, mas se eu não tivesse conhecido ela...

Sílvia: Se o seu caráter depende de quem você conheça, da proposta que lhe façam, você não tem caráter nenhum! Você é pior que ela...! A familia era sua! O compromisso era seu, não era dela!

Raul: Sílvia, eu só queria que você escutasse que...

Sílvia: Aquela armação de me tirar de casa! De tirar a Julinha de casa! A Yvone me ligando dizendo que estava embarcando... precisava de uma assinatura. Para mim, você está morto! Eu preferia que você tivesse morrido de verdade!

Raul: Um dia eu queria que você me ouvisse. Nada mais do que isso! Só queria ter a chance de expor a você... as minhas razões erradas, eu sei, mas...

Sílvia: Comigo você não tem mais nenhuma chance, Raul! A única coisa que você pode fazer por mim e pela sua filha hoje é morrer de verdade!

IM-PER-DÍ-VEL, NÉ?