Uma amiga (lê-se: uma vaca) combina uma sessão de Pequena Miss Sunshine para terça-feira (ontem) com esta pessoa que vos fala. A cretina que, é óbvio, não entende o meu vício - faço toda uma preparação psicológica, fico na maior ansiedade, é uma coisa muito séria mesmo! – liga na terça à tarde e diz que não vai mais, que tá sem grana, que quer ir na próxima semana... Eu rebato e digo que empresto a grana, que não vou correr o risco de tirarem o filme de cartaz, que depois ela me paga, que eu não vou deixar de ir ao cinema seja com ou sem ela. Depois de muita briga ela decide que não vai mesmo e eu decido que vou.
Na saída do serviço, passo numa agência bancária para tirar uma graninha (tenho 4 reais na carteira e o ingresso custa 8 reais). Tento fazer uma retirada de 30 reais, saldo indisponível. 20 reais, saldo indisponível. 10 reais, saldo indisponível. Vaca macumbeira! Só pode ser praga da desgraçada! Abro a bolsa, quase chorando de raiva, e eis que avisto uma nota de 5 reais jogada lá dentro. Oh benção! Tudo o que eu precisava. Pego um bus e vou ao cinema.
Chego à galeria onde está instalado o cinema, às 17h30. A sessão é às 19h15. Tenho 9 reais no bolso e o ingresso custa 8 reais... Penso. Não há nada pra fazer na galeria e eu ainda tenho que esperar 1 hora e meia para o início da sessão. Tenho 2 cápsulas do remédio que esqueci de tomar à tarde - e que tem um gosto horrível - e uma lan-house. Compro uma água para engolir o remédio, ou compro 10 minutos de passatempo na lan? Engulo o remédio a seco. Morta de fome é a única coisa que posso ingerir. Dez minutos passam muito rápido...
Enrolo até às 18h30, horário que abre a bilheteria, e finalmente me aproximo da moça que vende ingressos, com a barriga roncando e 8 reais na mão. “Um ingresso para Pequena Miss Sunshine, por favor”. “São 4 reais moça”. Hein??? Puxo de volta 4 reais, fecho o bico, pego o ingresso e leio “meia-estudante” logo abaixo do título do filme. E agora? Fico quieta e gasto a grana que sobrou num lanchinho? Fico quieta, morro de fome e guardo o dinheiro? Vai que os sacanas resolvem pedir a carteirinha de estudante - que eu não tenho – e precise trocar o ingresso? Guardo o dinheiro.
Certo. Rezando, com muita cara de meliante, entrego o ingresso pro moço-que-recolhe-os-ingressos. Ele bate o carimbo e me deixa entrar na sala numa boa. Legal. Sento-me numa boa poltrona, bem no centro da sala e vejo um amigo subindo as escadas, um amigo que eu não via há muito tempo, mas que coincidentemente havia encontrado naquela mesma tarde.
- Rui?
- Oi Lili! Não creio!
- Pois então! Nem eu!
Sentamo-nos lado a lado e nos divertimos como poucas vezes dentro de uma sala de cinema.
Saí ganhando 4 reais, uma boa companhia e um bom filme. Só não digo que foi sorte, pois sorte "is the name losers give to their own failings”, disse o Richard.
A Saga - parte 1 (O Grande Truque): aqui.
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