Pipocando

Não entendo o que acontece em Hollywood. O povo naquele lugar tem uns surtos de semelhanças, que é foda. Neste exato momento, estamos na época de refilmagem de terror japonês, de adaptação de histórias em quadrinhos e best-sellers, de filminhos de suspense e ainda aqueles que fazem espirrar sangue na cara dos espectadores.
Sobre esses penúltimos –filminhos de suspense – assisti a três recentemente: Fora de Rumo, Ponto Final e Plano de Vôo.

O primeiro é divertido, típico filme das madrugadas na Rede Globo. Serve pra confirmar a presença de Clive Owen na lista dos melhores atores da atualidade, e não deixa dúvidas de que Jennifer Aniston é a eterna ex-Rachel de Friends e ex-mulher de Brad Pitt e só.
Bom para assistir com os amigos num fim-de-semana sem programa.

O segundo é tão imbecil e pretensioso que o Wood Allen deveria se envergonhar diante de elogios do tipo “é a obra prima de sua carreira”. Sua nova “musa” é lindíssima sim, é impossível negar, mas a moça parece ser muito amadora pra ser convincente [um alerta extra: MANTENHA DISTÂNCIA DE “A ILHA”. Uma bomba.]. A trama força a barra e nem mesmo o Jonathan Rhys-Meyers que me impressionou tanto em Velvet Goldmine [que o Ronzi não me ouça, meu pai do céu] consegue dar credibilidade e carga emocional para a sua personagem.
É bom pra sentir vergonha alheia.

Com Plano de Vôo eu tinha a esperança de não ver mais um filme de “terrorista dentro de um avião”, mas infelizmente a sensação que a história passa é quase exatamente esta. As personagens são tipicamente caricatas e as situações são babacas. Judy Foster está tão afetada que chega a dar vontade de pedir para que ela pare tudo e comece de novo. Algumas tentativas de criar “tomadas bonitas” são pra morrer de rir, de raiva ou pena.
É bom para ver os extras e aplaudir a resolução dos cenários e passeios de câmera.

Ai um amigo diz “deixa de ser chata e ficar vendo tomadas de cena, interpretação de ator e o caraleoaquatro e só assista ao filme, cacete!!”.
Mas eu “sinceramente tô tentando passar dessa fase de ‘ver por ver’”

Salvei o fim-de-semana com Uma Vida Iluminada (Everything is Illuminated). O filme já havia ganhado meus aplausos pelos belos cartazes que produziu. A trilha sonora [perfeita, apenas], a fotografia e as situações me jogaram novamente pra dentro do mundo de Amélie Poulain [A.M.O.!]. Elijah Wood não é um primor, mas consegue cumprir bem o seu papel. Os outros atores são ótimos (inclusive a cachorrinha que interpreta um cão-guia, chamada Sammy Davis Jr. Jr., pertencente ao avô que pensa que é cego). As críticas sociais e políticas são fortes, mas colocadas com uma sutileza impressionante. O filme é muito engraçado, muito triste e emocionante, é muito lindo.
Como meu namorado bem disse, logo após os créditos iniciais “como é bom ver a palavra ‘Independent’ entre o ‘Warner’ e ‘Pictures’”.

http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/vida-iluminada/vida-iluminada.asp