não, não tem problema, pode tirar o sapato.

(senta aí. tem coca na geladeira e cuca de quechimia no forno)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

ser mãe é: antes e acima de tudo lidar do jeito que dá com a frustração e estar disponível sempre

as professoras do theodoro me chamaram esta manhã para dizer que ele tem encontrado "bastante dificuldade" em desenvolver trabalhos que envolvam tintas, lápis de cor, espaços determinados, massa de modelar e tesoura. é a tal motricidade refinada, segundo elas, que está abaixo da média dos colegas. explicaram, ainda, que ele fica triste e abatido pois (apesar de se esforçar bastante) não consegue realizar os mesmos trabalhos que os demais realizam (literalmente) brincando.
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e agora, josé?
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agora é comprar tintas, massas, tesouras e demais instrumentos de manuseio manual(?!), fazer a hora artística em casa todas as noites e ver o que acontece. porque né, começou (pra valer) a interminável fase de comparações, testes, limitações e tudo mais.
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ninguém nunca disse que seria fácil.

16 comentários:

Anônimo disse...

A professora do meu filho me chamou (aliás ela e a pedagoga) pra uma reunião, queriam me "alertar" que meu filho era muito novo pra saber letras e tal, e que eu estava pulando etapas. Detalhe: eu nunca ensinei, ele aprendeu sozinho, brincando com um daqueles laptops infantis.Desde então eu aguento cara feia de outras mães e por aí vai. Um tempinho depois me chamaram de novo: meu filho não conseguia acompanhar a aula de xadrez. As outras crinças tinham espírito de competição, saíam-se bem, se esforçavam e ele não dava a mínima... Todo esse bafafá com uma criança que ainda não fez 4 anos.
Tenho aprendido, à duras penas e a custa de muita maldade alheia, que o que importa de verdade é como eu vejo o meu filho. E, olha, eu não sou aquelas mães que vêem o filhote com lentes cor de rosa, eu sou capaz de enxergar os defeitos, mas também sei que professoras e pedagogas gostam de uma tempestade em copo d´gua.
Problemas são outras coisas, essas coisinhas, a gente supera de olhos fechados.

ditavonclaire disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ditavonclaire disse...

pois estou pensando exatamente sobre isso, anônimo. o theodoro, segundo elas, tem um vocabulário bastante vasto e "rebuscado" pra idade, assim como tem uma facilidade enorme de concentração, adaptação e socialização...mas tem esta dificuldade de motricidade. o que deve ser estimulado então (num aspecto mais amplo, pensando na vida toda), diante disso? atividades que desenvolvam ainda mais o que ele tem de melhor ( ele e todos os outros, claro) ou o que ele tem mais dificuldade? me parece que esta é a pergunta central da coisa.
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mas também, talvez nós, eu e o pai, não estejamos estimulando ele o suficiente nesta área mais artística, digamos assim, então o toque é válido, me parece.... mas é claro que não dá pra levar a ferro e fogo e endoidar com tudo o que nos dizem.

Guga disse...

acho uma puta babaquice, da parte das professoras.
eu nunca soube desenhar, até hoje faço aquele bonequinho de palitos mal e porcamente, e tô aqui, bemzão comigo e com o mundo.

Thaís Gouvêa disse...

Oi Dita,
Sobre o filhote do anônimo, tb acho babaquice dos professores cobrar que a criança se desenvolva mais rapidamente que as outras e se ele não joga Xadrez, já pode demonstrar uma escolha dele e isso tem que ser respeitado.
Agora quanto ao Théo, ela deve ter conversado com você porque ele PODE VIR a ter dificuldade para segurar no lápis na alfabetização, dificuldade de concentração e outras coisas mais.
Mais isso não é um fator determinante. Aprendi a ler e escrever com 5 anos e até hj ñ sei pintar dentro da linha e nem sei cortar em linha reta.rsrsrs
Não fica chateada por isso. É muito legal manter o Théo em uma escola onde ele está sendo observado e ele vai gostar de brincar de pintar com a mãe dele ;)

ditavonclaire disse...

eu vi a coisa também por este lado, thaís. acho que a preocupação é exatamente essa, sabe? de segurar o lápis mais tarde, amarrar o sapato, comer direito com garfo e faca...este tipo de situação.
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o que não quer dizer que eu não pense em como é estranha a relação entre as nossas qualidades e virtudes (? !) e o que se espera de um aluno...
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a mãe dele já pinta com ele...
beijo

Adele disse...

engraçado como os mesmos profissionais que precisam ver nossos filhos "sem lentes cor de rosa" e estudaram que as crianças desenvolvem-se de formas diferentes e que algumas sempre vão ter mais dificuldade nesse ou em outro setor, são os primeiros a dizer q a criança não está se encaixando. é óbvio q seu filhote tem mais facilidade de socialização q os outros e vários outros atributos, mas desenho, pintura e corte são uma ótima desculpa pra vc brincar com seu fofinho. só não deixe ele desenhar na tela de sua TV como fez minha priminha de 4 anos... desencana Dita, esse povo tá fazendo tempestade em copo d´água. hj em dia parece até doença se seu filho de 6 anos já não fala 3 línguas e usa o computador melhor do q vc... credo!!! povo estressado!!! o importante é a criança ser amada, ter limites e ter apoio dos pais. e isso acredito q o seu tem de sobra. bjo grande

cris disse...
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cris disse...

Olha, desculpem, mas acho que o tom 'acusatório' contra as professoras e pedagogas - ainda que leve - não procede. O papel da escola é esse mesmo, compartilhar com os pais a vida da criança naquele ambiente. É claro que, se alguma coisa não está de acordo com o que é mais ou menos esperado, a escola chama a família. Ninguém, até onde eu entendi, disse que o menino está com problemas sérios, apenas que essa dificuldade que ele tem o deixa triste e abatido. Ele precisa aprender a lidar com as suas limitações? Sim, e a família precisa ajudá-lo nesse processo. Muitas vezes - não é o caso aqui - a dificuldade é mais séria e a criança precisa estar preparada para conviver com isso. Repito, o papel da escola é comunicar. Sabem por quê? Sou professora, nem trabalho com crianças, porém o que mais vejo no meu dia a dia são pais sempre prontos a cobrar da escola muitas vezes um papel que lhes cabe, mas que eles não cumprem. Não é o caso da minha amiga Débora, nem do pai do Theo, que é professor como eu, mas eu vejo isso sempre. Nossa política lá é sempre deixar os pais cientes do que se passa. Muitas vezes os pais não querem ser incomodados, mas quando, mais tarde, a criança apresenta dificuldades mais sérias de aprendizagem, fruto que coisas não tratadas em idade mais tenra, os eles serão os primeiros a dizer: a escola nunca me avisou disso. Por isso, não é caso de crucificar a professora. Ela está cumprindo o papel dela e a Débora igualmente. Ninguém falou que o menino precisa falar 3 línguas, mas pegar corretamente no lápis, com certeza, será fator de alegria para ele daqui a algum tempo. Beijão pra ti e pro piá, alemoa. Fico daqui do Rio torcendo por vocês =)

[a redação do primeiro comentário saiu cheia de erros. Dei uma editada, alemoa. Apaga esse aí de cima. Bjs]
26 de fevereiro de 2011 12:19

ditavonclaire disse...

ontem, no final da tarde, a professora me chamou de novo e me deu uma sacola com um livro, conversamos mais um pouco e ficamos de "trabalhar juntas". eu fiquei feliz porque ela não quis, e eu já havia sentido isso de manhã e tive o reforço "do meu achismo" no fim do dia, fazer com que a gente (e eu o pai dele) se sinta culpado ou dizer que o guri não tem capacidade para isso ou aquilo. acho que foi uma questão de (bem como disse a cris) cumprir o papel dela e nos deixar cientes do que está acontecendo enquanto ele está lá. achei legal ela mandar o livro (pra ele manusear) porque mostra que realmente ela quer contar conosco pra ajudar ele com as dificuldades dele, mas também (e principalmente) quer dizer que também podemos contar com ela (e com a escola enquanto instituição, mesmo)...
enfim, tudo vai se ajeitar aos poucos e ele vai superar essas coisinhas, tenho certeza.
beijo, crisolda.
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a história do livro é legal, repito, porque ele podia não ter livros em casa, entendem? estamos falando de escola pública...então realmente o interesse em ajudar é verdadeiro.

Andrea Nunes disse...

Débora, minha filha mais velha, atualmente com 8 anos tem as mesmas dificuldades e demonstrou isso desde muito pequeninha. No berçario já me alertaram sobre e desde então viemos trabalhando isso com ela. Fica complicado quando eles se dão conta de que não conseguem executar as mesmas tarefas que os colegas e, aqui, vivemos isso de uma forma bem dolorida pra ela que com 4/5 anos se recusava a desenhar/recortar e pintar porque conseguia perceber que o trabalho dela não ficava do mesmo jeitinho que o dos outros.
Trabalhamos muito com ela, mas muitas vezes ela se nega e diz que dói, etc. Ano passado colocamos ela na aula de violão com um professor maravilhoso que trabalha muito com ela.
Ela tem 8 anos, se nega a amarrar os calçados e a cortar sua carne.
O negócio é estimular muito muito, mas ter muito cuidados com a auto estima deles.
E minha pequena desenvolveu a fala e o raciocínio lógico muito antes dos colegas, além de ser super desinibida e ter uma ótima memória.

Então é isso, vale sialho conjunto da escola e família porque mais pra frente as dificuldades mais concretas aparecem, mas sem muita neura.

beijoca

ditavonclaire disse...

um possível isolamento (por conta de sentir que não é capaz de desenvolver determinadas atividades) também é uma das minhas maiores preocupações e acredito que seja o mais difícil de lidar, exatamente porque coloca em jogo a auto estima deles. mas não vai acontecer, espero...
parabéns pela filhota...
beijo, andrea.

Anônimo disse...

Tu estás levando em consideração os comentários de uma professora de rede pública, Dita?

Hellen disse...

Gente, alguém me responde DE ONDE SAEM ESSES ANÔNIMOS, PELO AMOR?????

E desde quando o comentário de uma professora de escola pública vale menos ou mais do que uma de escola particular, minha gente???

ditavonclaire disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ditavonclaire disse...

estou levando em consideração os comentários da professora dele. e ponto.
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em tempo, o pai do theodoro, meu marido, também é professor. e professor público, veja só.
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aliás, comentei apenas sobre o status da escola porque achei muito legal mesmo a iniciativa de mandar livros da própria escola para que as crianças (que não tem livro algum em casa) possam ter contato com a leitura. isso acontece lá, todo o final de semana (eu que não sabia pois faz apenas alguns dias que o theodoro está estudando lá) e durante as férias os alunos, além dos livros, também levam lego, jogo da memória e brinquedos de madeira emprestados.