Sábado passado fui ao Centro Cultural Banco do Brasil, um dos poucos lugares que dá gosto de visitar, e depois de várias lágrimas e risos ofertados as obras, umas delas me chamou a atenção. Chama-se Erotica - Os Sentidos na Arte. Sim, erotica sem o acento agudo no "o", o que mostra a palavra como substantivo. A exposição reúne obras dos mais diversos e importantes artistas nacionais e internacionais e uma delas que mais me chamou a atenção dirige-se a um poema do Arnaldo Antunes escrito em uma das parades do espaço. Experimente lê-lo duas vezes... em cada leitura uma interpretação diferente...
O Buraco do Espelho
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some
a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede,
a boca cede antes de falar, e não se ouve
já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some
a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede,
a boca cede antes de falar, e não se ouve
já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora
2 comentários:
Já conhecia essa fumada do Arnaldo. Simplesmente genial.
vou seguir a sugestão...Um bjo querida!!!
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