não, não tem problema, pode tirar o sapato.

(senta aí. tem coca na geladeira e cuca de quechimia no forno)

terça-feira, 30 de março de 2010

a palavra é: inferno

quando fiquei grávida (já comentei aqui várias vezes) fui bombardeada por toda a sorte de previsões catastróficas. foram nove meses de terror, ranger de dentes, medo e pânico. nego tava decidido a me deixar zonza, mesmo. o theodoro nasceu e eu, apesar de saber que o exagero é característica marcante de 15 em cada 10 cabeças, já estava cascuda para lidar com os traumas todos que ele certamente teria, segundo e seguindo as previsões.
- mas ele dorme com vocês? no mesmo quarto? um bebê de quase nove meses? tu nunca mais vai conseguir tirar ele de perto? nunca. criança precisa dormir sozinha desde que vai pra casa do hospital, senão já era. pega balda e nunca mais. vai ser um inferno.
theodoro dormiu com a gente até um ano, não havia escolha, o apartamento só tinha um quarto e assunto encerrado. quando nos mudamos para um apartamento maior, no entanto, lembro como se fosse hoje, na hora de dormir, na primeira noite, o levamos até o quarto, demos um beijo de boa noite e só. o piá dormiu até o outro dia sem dar um pio. e assim passaram-se as noites, os meses e nunca, nunquinha, o guri pediu para dormir no nosso quarto. bem assim. nem mais, nem menos.
- tu ainda amamenta? ele tem um ano? tu vai ver o inferno que vai ser tirar a teta desse guri, porque quando eles já estão assim grandes, andando e falando, sabem exatamente como chantagear a mãe...
theodoro chegou em casa um belo dia da escola, realmente tinha um ano de idade, deitou no meu colo como fazia sempre naquele horário só que, simplesmente, na hora em que o coloquei para mamar ele virou o rosto e guardou meu peito. tentei mais uma vez do outro lado e mais uma vez do mesmo lado e ele fazia sempre a mesma coisa. me olhava com uma cara bem tranquila, mas não mamava. e foi assim que aconteceu. ele nunca mais quis. nunca mais se tocou no assunto. meu leite secou de um dia pro outro sem dores, injeções, hormônios ou coisa que o valha.
- a hora de tirar as fraldas é complicadíssima porque as crianças passam a não fazer mais nada. se trancam pra tudo e isso gera muito incômodo e problemas. e tem o fator psicológico que conta também, muito. ainda mais um bebê que vai pra escola desde os quatro meses e se sente amparado pelas fraldas. vai ser bem difícil, um inferno.
estamos há três semanas com ele sem fraldas o dia inteiro (há uns dois meses, alternando períodos com e sem). ele fez cocô um dia e xixi duas vezes na escola e três em casa. não prende o intestino, não dá escândalo, não chora e nem nada. antes o contrário, chega em casa bem faceiro, senta no penico, assiste um desenho e faz muito cocô e xixi. depois ainda dança na volta do baldinho, se parabeniza-se a si mesmo, vai até o vaso e com a ajuda da dona descarga manda tudo pra terra dos xixis e dos cocôs. tá pelada a coruja.
*
*
o que eu quero com toda essa papagiada? dizer que não, não é fácil, nem um pouco, mas que também essas fases de transição não são o fim dos dias. a vida resolve, é só a gente dar uma mão, de vez em quando.

7 comentários:

Unknown disse...

Acho que mais difícil que cuidar dos filhos é ter que cuidar dos adultos que se metem, mesmo na boa intenção, na criação dos filhos dos outros.

Débora disse...

O que mais me lembro era de neguinho me dizendo: "Dorme bastante antes de nascer pq tu NUNCA mais vai dormir!" Pois durmo muito bem!

E esses dia uma amigona me liga aos prantos, grávida: me disseram para não sair mais de casa que posso morrer com a gripe A!

Boca fechada não entra mosca!!!

Anônimo disse...

Obrigada pelas dicas, Dita. Estou esperando bebê, estou de cinco meses e também passando por todas estas provações.Mas teu filho é um bebê querido demais e isso faz diferença também.
Pri

Saulo disse...

Quando minha mãe teve as minhas 2 irmãs, eu já tinha mais de 16 anos. Eu lembro dos mesmos comentários das pessoas. Bom, o único desses problemas que ela teve é que a caçula tem quase 7 anos e até hoje dorme na cama da minha mãe. Acho que isso varia de criança para criança.

ditavonclaire disse...

varia, saulo. claro que sim, mas o que tentei dizer é que tem coisa que quando tratada com naturalidade perde o status de trauma, saca? é claro que cada criança tem seu tempo, seu ritmo e sua forma de lidar com as mudanças...

isabel alix disse...

A necessidade de demonstrar sapiência do povo é tanta dá vontade de não contar pra ninguém que está grávida.
- Tá grávida?
- Não. Tô gorda.

Muchacho disse...

atesto e dou fé