a tia iane, mãe da zuleika, do alexandre e do polaquinho, amigo do ibanez, meu irmão, era a telefonista lá do buricá. era tipo uma central de ramais, só que humana, saca? a gente discava nove e ela nos passava pra outra casa, qualquer outra casa. podia ser da cidade ou da lavoura. claro que só de segunda a sexta. claro que só em horário comercial. fato é que a tia iane era um mistério pra mim e pra toda cidade. sabia tudo de tudo e de todos, sempre. andava bem faceira e orgulhosa, com a cabeça bem erguida e o olhar bem fixo de quem tá pronta pra dizer: tu sabe que eu sei, né? toda gente sempre desconfiou, por conta da tal cabeça erguida e do orgulho em ostentar a camiseta da crt, que ela escutava as conversas e depois ameaçava esposas, maridos, amantes, pais e filhos que estivessem combinando de soar o alarme da quero quero ou do banrisul, de noite.
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tia iane, é a debora, filha da dalia e do lu da farmácia, tudo bem? eu queria falar com a chica? lá do tio ilói, tu pode passar?
não tem ninguém em casa, vi toda a família entrando na missa, ainda agora.
ah, tá. então me liga na casa da carlise, pode ser?
a carlise tá voando as tranças de mobilete por aí, passou aqui na frente não faz muito, nem adianta...
obrigada, tia. eu tento falar com alguém amanhã...
espera. quem costuma estar em casa nesse horário é o doutor almeida, te serve?
não, não. obrigada, tia. eu não tenho nada pra conversar com o doutor almeida.
sexta-feira, 26 de março de 2010
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6 comentários:
hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha
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amo essas histórias.
engraçado também é pensar que lá no rincão dos esquecidos as mulheres sempre são chamadas como se fossem continuações de seus esposos/maridos/namorados/ficantes, né? a dalia do lu, a kati do iba, a tia eli do tio oto e por aí vai...
Sério isso , Dita???? Muito bom!!!Hhahahah!
Sabe que em Minas Gerais, de onde meu pai é, tbm é assim, sempre a fulana do fulano!
muito sério, débora.
e tem as histórias da ceee que diz a lenda era envolvida no tráfico de cigarros do paraguai e de pneus, do grupo de casais da igreja que se pegavam durante as novenas, de se precisar viajar duas horas (uma pra ir e outra pra voltar) pra poder comprar uma pizza...mil coisas.
beijo.
devia ter pedido pra falar com o nêne. sempre tem um nêne.
ay que promiscuidad informativa, diós! Vivesse eu nesse lugar, tentada sentir-me-ia a inventar factóides para endoidecer tia iane.
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