a memória dos sentidos.

na sétima série eu me apaixonei. tinha 13 anos, cabelos bem longos e um par de coturnos. o nome dele é diomar e ele era da sexta. tinha 14, mas havia reprovado dois anos. acho que ele também se apaixonou por mim, mas era conquistador demais para bancar uma "namorada" mais nova e de uma cidade que tinha apenas três mil habitantes*, saca? claro que fui entender e aceitar isso apenas uma década depois, mas aceitei. ele tinha o cabelo caidinho por cima dos olhos, um par de m2000 azul forte com azul claro e uma mobiliete preta. era muito disputado e sabia. tinha consciência do seu poder de sedução. a noite passada eu sonhei com o diomar. ele e eu ainda tínhamos a mesma cara e a mesma implicância com a irmã delmir. aliás, uma das passagens que anos depois me fez acreditar que ele gostava realmente de mim foi o fato de que uma vez, eu andava muito furiosa mesmo e joguei um pé de xaxim na cabeça da irmã delmir. ele veio dizer que achou o máximo a minha ousadia e coragem. em outras palavras, claro, mas não lembro quais. o que interessa é que hoje, depois de sonhar com o diomar, acordei com muita vontade de comer pastel de carne com ovo, feito com massa caseira e tomar fruki limão em garrafa de vidro.

*a escola onde estudávamos (colégio dom hermeto) é em três de maio, município vizinho que tem 25 mil habitantes e onde a vida acontece. o diomar é de lá.